terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Vidas sem Amor

Conheci uma historia que me deixou pensativo.
Uma historia que faz lembrar o anuncio a um livro, que foi lançado há dias, em que se relata a história de um avô, que por amor perdeu tudo (qualquer coisa tipo Embaixador Pinto Coelho)
A historia que ouvi é a de um homem ,que provinha de uma família numerosa e que também ele constitui-o uma família com uma meia dúzia de filhos . Um dia, na erosão normal de um casamento de cerca de trinta anos, conheceu uma mulher, mais nova, apaixonou-se e em nome desse amor deixou tudo, filhos, casa, trabalho, amigos, tudo.
A sua dedicação foi total, mas ela aproveitava-se da sua dependência emocional e extinguia nele a sua capacidade de se reorganizar, mantendo-o perdido naquele amor que desaguava num oceano de indiferença sem saídas.
Fiquei sem perceber se ela gostaria dele, fiquei com a ideia de que ela não seria uma pessoa com um rumo, mas que gostava sobre tudo de dimensão humana deste homem culto e charmoso. (É difícil avaliar uma pessoa através de uma descrição , através de um relato).
O que me impressionou foi o o desenlace deste romance.
Depois de ser rejeitado pelos filhos , pela família e pela mulher que amava sem condições , depois de perder todo o seu património viu-se numa situação sem soluções , optou pela rua , pelas estrelas. Quando falei com ele, fiquei esmagado com a serenidade, com a cultura, com os gestos finos. Perguntei-lhe se não gostaria de ajuda para entrar em contacto com os filhos ou com a família de que era oriundo. A resposta foi " nenhum deles quer assumir que por amor, a vida pode dar uma volta. Nunca poderia ter vivido com a dúvida de que poderia vivenciar um grande amor no Outono da minha vida, foi bom, não me arrependo, apenas pago o preço da minha audácia, é um direito que tenho"
Agradeceu as roupas que lhe tinha entregue e afastou-se com uma passada pausada.
Dobrou a esquina e eu sentei-me no degrau do passeio.

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