terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Mãe






A mãe de um grande amigo partiu ontem.
Situação normal diria mesmo corrente para quem tem mais de cinquenta anos. Mas quando digerimos estas partidas , ficamos todos,  com o estatuto de órfãos, a morte , não sendo um fim para um católico é um momento de rotura.
A morte da nossa mãe não pode ser explicada , não se aceita , era a nossa.
Julgo que a dor dessa partida é sempre dilacerante, mas para nós homens , talvez mais marcante que para as mulheres, pelo facto de termos sido criados dentro delas e do nosso ventre, não ter a capacidade de gerar nada. Uma noção de imperfeição , de incompleto que explica a relação que em regra os filhos têm com as mães.
Conheci mães completamente diferentes; a mãe intelectual , a mãe galinha, a mãe-pai , a mãe castradora , a mãe prisioneira, a mãe doente ou mesmo a mãe ausente, mas o que faz de todas elas mães é que a nossa existência dependeu sempre delas.  Foi através de um grito chorado que no mais profundo dos silêncios nos fizeram vir ao mundo, grito de felicidade que nos acompanha a vida toda e que só se extingue com a sua vida terrena.
O efeito nos filhos é gigantesco. São aquela referência, que mesmo que tenha morrido para nos dar a vida , nunca morre, nunca.
A mãe em geral da-nos tudo e não fica com nada, a única que nos cuida sem nada querer em troca.
Tanto na vida como na morte, Mãe é sempre Mãe.
Mesmo que tenha partido, Mãe, está sempre teimosamente dentro da gente.


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